Numa das historias Bíblica da Arca de Noé, diante do contexto histórico de muita violência e maldade humana na terra, Deus orienta Noé a construir um grande barco, e colocar sobre ele, além da sua família, um casal de cada animal, que diante daquela ira, suas vidas seriam preservadas.

Na cultura da Índia, onde moramos por um tempo, a Vaca é um animal sagrado, porque segundo os que acreditam na teoria da reencarnação, ela estaria no último estagio, antes de se tornar humano.

Em regiões frias do mundo, como no Tibet, diante do desafio de cultivar alimentos, onde existe uma real necessidade do consumo de proteína animal, antes de sacrifica-los, eles fazem um ritual sagrado, além de aproveitarem todas as partes desses, como uma reverência a essa vida que se doa para a manutenção da coletividade.

Em países tropicais como o Brasil, o crescimento de vegetais se dá de forma tão abundante e natural, que poderíamos repensar nossos hábitos de consumo, reduzindo a violência contra todos os seres, inclusive os bovinos.

Aqui em MahaBhumi, buscamos preservar a vida de todos os seres, dentre eles os animais – incluindo os silvestres como Raposa, Tatú, Gato do Mato e muitos pássaros, abelhas – que estão reaparecendo depois nesses anos todos de recuperação de áreas degradadas - passando para os domesticados. Aqui eles são de estimação, têm nomes e são protegidos. O primeiro deles, um bode chamado Bito, já tem uns dose anos de vida.  As galinhas tem nome e também são da família. Nossos guardiões são o casal de gansos africanos Pepeu Gomes e Baby Consuelo. Mas isso fica para outro post.

Vamos então falar do Touro Nandi. Na mitologia hindu, ele é quem conduz o deus Shiva. Em nossa tradição cristã, temos vários Santos que nos inspiram. O principal deles foi São Francisco de Assis, considerado o protetor dos animais.

Nandi chegou até nós em 14 de setembro de 2020, “salvo” pela compaixão de um vizinho nativo. Esse criador se via diante de um conflito. Como Nandi se apresentou um animal muito dócil e de grande mansidão desde novinho, diante da necessidade de leva-lo para o matadouro, porque já estava com mais de vinte arroubas, percebeu que poderia vendê-lo para nós e retira-lo da fila da morte.  Ele chegou já conquistando corações. Engravidou Govinha (uma novilha de primeira cria que estava no cio) e nove meses depois nasceu Ganesha, que no ultimo 16 de julho - dia de Nossa Senhora do Carmo de 2022, completou seu primeiro ano de vida.

Além da alegria da convivência com esses animais, num sentido mais prático, eles oferecem como contribuição, seus resíduos, tão importantes e necessários para a nutrição do solo, reciclando nutrientes, gerando vida para plantas e para nós seres humanos.

Um organismo agrícola se compõe da soma de vários elementos, que integrados formam e ampliam a vida de todos os seres.

Nós enquanto seres humanos, temos sempre a oportunidade de nos tornamos esse Maestro, unindo todos os elementos da paisagem na busca de harmonizar a vida e o bem comum.

Nos próximos post, iremos continuar a nossa jornada, falando das Abelhas de Uruçú, do Bode, das galinhas, dos gansos africanos e de toda essa turma que coabita esse lugar conosco.

MahaBhumi, 30 de julho de 22.

Feliz Sábado | Valter França