Entrada de MahaBhumi, em Chã Grande - Foto: Revista Têmpera

As primeiras grandes obras de arquitetura remontam à Antiguidade, mas é possível traçar as origens do pensamento arquitetônico em períodos pré-históricos, quando foram erguidas as primeiras construções humanas.


Durante a Pré-História surgem os primeiros monumentos e o Homem começa a dominar a técnica de trabalhar a pedra.


O abrigo, como sendo a construção predominante nas sociedades primitivas, será o elemento principal da organização espacial de diversos povos. Este tipo de construção ainda pode ser observado em sociedades não totalmente integradas na civilização ocidental, como os povos ameríndios, africanos, aborígenes, entre outros. A presença do abrigo no inconsciente coletivo destes povos é tão forte que ela marcará a cultura de diversas sociedades posteriores: vários teóricos da arquitetura, em momentos diversos da história (Vitrúvio, na Antiguidade, Alberti na RenascençaJoseph Rykwert, mais recentemente) evocarão o mito da cabana primitiva. Este mito, variando de acordo com a fonte, prega que o ser humano recebeu dos deuses a Sabedoria para a construção de seu abrigo, configurado como uma construção de madeira composta por quatro paredes e um telhado de duas águas.

Foto: Revista Têmpera


A primeira notícia que se tem dela está ligada às cidades pioneiras que surgiram no Oriente Médio e na Ásia Central no sétimo milênio a.C. quando as primeiras residências foram construídas, usando tijolos de lama secados ao sol, conhecidos como tijolos crus — material que, ainda hoje, é um dos mais utilizados.


Dando um “salto” desses primórdios até os tempos atuais, podemos perceber dois movimentos:


O primeiro – que se baseia nessa ideia capitalista totalmente dependente do uso de materiais sintéticos e pré-fabricados, com grande uso do cimento e seus derivados, com estruturas rígidas e visão acadêmica limitada bastante conceito teórico e pouco conhecimento prático.


O segundo – que buscou durante muito tempo, referencia nesse conhecimento empírico, passado de geração em geração, e que a partir da década passada de 1970, vem renascendo juntamente com esse movimento de retorno a utilização de materiais naturais, sem abrir mão, da resistência, durabilidade e estética bela e criativa.


A Bioconstrução faz parte dessa mandala da Permacultura e busca trazer sempre um saldo positivo nessa conta, utilizando o máximo de materiais disponíveis no local onde são erguidas e o mínimo de resíduos e ou materiais vindos de fora.


Os materiais mais abundantes em qualquer local são terra, pedra e água. Assim, devemos buscar sempre utiliza-los num maior volume possível e advindos do local mais próximo da obra, na maioria das vezes retirados e manejados dentro do próprio terreno e ou nos arredores.


Foto: Revista Têmpera

Aqui em MahaBhumi, desde o inicio temos exercitado esse conceito amplamente, além de oferecermos cursos, oficinas e consultorias para quem busca construir utilizando essas técnicas bioconstrutivas.


Além desses materiais encontrados ao lado de nossas futuras casas, podemos sempre acrescentar itens como, por exemplo, a cal (que é um mineral eficaz para aglutinação além de ser ótimo para reduzir umidade do terreno); pó de pedra (que é um resíduo das pedreiras) no lugar da areia – que contribui para o assoreamento do leito dos rios; rebocos de terra vidros, madeiras reaproveitáveis e tecnologias limpas, como energias solar e eólicas, sanitários compostáveis, filtros biológicos para tratamento de águas e tantas outras técnicas de baixo impacto ou até mesmo de impacto positivo ambientalmente.


Habitações feitas com materiais naturais são seres vivos. A Casa pulsa junto com quem reside nelas. Uma técnica que utilizamos aqui bastante difundida em locais de climas extremos (muito quentes e ou muito frios) é o hiperadobe ou terra ensacada. Essa é uma maneira bastante segura e confortável. As paredes são autoportantes e depois de prontas ficam com uma largura em torno dos 35 cm, de maneira que podemos habitar esses locais com conforto térmico, em qualquer clima e em todas as estações do ano.


A beleza é um atributo Divino. Quando ampliamos essa percepção para habitar uma casa dessas, passamos naturalmente a conviver com mais saúde paz e harmonia.

            



Feliz sábado para todes!  13.08.2022 | Valter França @mahabhumi