Ao longo dos milênios, a nossa paisagem tem sido transformada em diversos aspectos e de várias maneiras. A ação dos ventos, das águas, as erupções vulcânicas, os terremotos e tantas outras ações têm nos oferecido essa contribuição lenta e profunda.


Agora, nada é mais intenso do que a presença de humanos, nessa mesma esfera. As nossas ações, por meio do habitar, se moverem e principalmente nas atividades agropastoris tem gerado uma transformação muita rápida e voraz destruindo em alguns casos, as condições básicas para que essa e as próximas gerações possam habitar esse planeta. Nossas necessidades e desejos, cada vez mais com rotinas urbanas, desconectadas de nós mesmos e dessa ligação profunda com a terra, tem resultado em ações destrutivas como retirada de vegetação que protege o solo, plantio de morros, canalização ou alteração de cursos d’águas, estradas fora das curvas de nível, fábricas lojas, hospitais, ruas, e toda uma cadeia de atividades prejudiciais à vida humana.

A maneira mais eficaz para habitarmos um novo local é o exercício da observação. As rotas de chegada e saída, os caminhos, os cursos d’água, a topografia do terreno, os elementos minerais, vegetais e arbóreos encontrados nesse local, para que a partir disso, possamos traçar um planejamento de curto, médio e longo prazo, imaginando de como seria essa paisagem daqui há 10, 20 ou 30 anos.

Quando tratamos desse tema do Desenho da Paisagem consideramos vários fatores. Desde os


elementos naturais e de baixo impacto para construirmos a nossa casa, levando em conta, que nesses locais, terra, pedra e água são os mais abundantes, desenhos dessas mesmas habitações, que considerem o local onde serão erguidas – devemos preferir o local do terreno onde a curva de nível nos permita economizar na altura da base, passando pela espessura das paredes, e localização de portas e janelas, que nos permita habita-las confortavelmente em todas as estações do ano, altura de paredes, direção dos telhados e materiais a serem utilizados – optando por aqueles que necessitem de estruturas leves até os detalhes como energias renováveis, solar e eólica, construção de caixas para colher aguas das chuvas, sistemas de filtros biológicos para absorver e limpar as aguas servidas, passando pela escolha de portas, janelas, vidros e madeiras de demolição.

Outro fator que devemos implantar logo no inicio é o cultivo de alimentos para consumo interno principalmente, aliado há algumas das diversas técnicas de recomposição da vegetação nativa, que inclui plantio de diversidade, desde os cultivos rápidos, os perenes, as frutíferas e as arbóreas, incluindo uma “poupança” verde em árvores nobres.


Colocando em prática esse roteiro, é certo que a cada ano, as famílias que habitarem esses locais terão mais abundancia de nutrientes, com eles mais saúde, mais autonomia, gerando consistente redução de gastos públicos.

Dessa maneira, compreendemos que torna-se mais simples  reduzir os investimentos em saúde pública e consequente alocação de recursos  em educação de qualidade com visão sistêmica e saúde preventiva através de mudança de nosso estilo de vida.

Diante do momento atual, a nossa melhor resposta para o sistema político partidário vigente, é escolhermos coletivamente propostas e candidatos, independentemente de ligações partidárias e paixões, aqueles que estejam seriamente comprometidos com essa visão ampla. Lembrando que a eleição mais importante é para a Câmara Federal e Senado. A mudança de tudo que a gente considera como desafio atual, começa por lá!

Quando entrar setembro, e a boa nova andar nos campos.....

MahaBhumi, 03 de setembro de 2022 | Valter França | @mahabhumi