Abuso de Imprensa


Hoje nesse mundo contemporâneo e complexo em que vivemos a grande discussão abordada pelos juristas, jornalistas e pela sociedade brasileira, é sobre a questão da forma como a maioria da imprensa do Brasil noticia os acontecimentos do próprio país, e as noticias internacionais.
Mas com freqüência aqui no nosso país, você observa um acontecimento mostrado pela própria imprensa ao vivo, e quando vai assistir um telejornal observa que o mesmo noticiário não tem a mesma plenitude de conteúdo que foi mostrado ao vivo, não que às vezes seja mentira os fatos, mas a imprensa mostra determinado fato de acordo com sua concepção.
O problema que não só os programas de “fofoca” estão em discussões,mas os programas de grande credibilidade da tv brasileira, tanto  televisiva  quanto à escrita.
O que mais preocupa a questão da credibilidade na nossa imprensa é a questão do Conselho Nacional de Jornalismo que está em aprovação no Congresso Nacional, onde tem a finalidade de fiscalizar o conteúdo das informações, tanto do jornalismo quanto da programação em geral que não tem “credibilidade”, fazendo com que sua programação em geral não tenha limite do que esta informando e não reconheça a sua responsabilidade, e entender que sua função social é tão forte que o que é mostrado tem grande repercussão nacional.
A imprensa tem todo o direito de informar a população de acontecimentos históricos com fundamentação, só que tudo tem limite, e como o direito existe para disciplinar e impor limites. É mais do que justo que esse conselho exista para impor um limite e dar conteúdo às informações prestadas dentro de um jornal, de uma  emissora de televisão, sem contar as informações prestadas na internet principalmente.
É justo também que a população que é a mais interessada no conteúdo das informações prestadas pela imprensa possa opinar neste conselho e dizer de que forma poderia ser disponibilizada a informação, passando credibilidade a todos.
Muitos jornalistas condenam esse conselho, por que para muitos é quebrar o principio do direito à informação, e ao mesmo tempo voltar ao tempo da ditadura onde existia a censura que proibia certas programações e informações, principalmente informações sobre ou contra o presidente do país.
Só que a finalidade desse conselho não é censurar a imprensa brasileira, mas impor um limite e credibilizar as informações prestadas pela mesma.
Não tenho nenhuma simpatia por qualquer coisa que lembre censura à imprensa. A ampla liberdade de informação e crítica tem sido a âncora do processo de democratização no Brasil e no mundo. Entretanto, não são poucos os exemplos de que a liberdade de imprensa, nos últimos anos, tem sido usada para injuriar, difamar, caluniar e invadir injustamente a privacidade de cidadãos, enxovalhar pessoas, liquidar com reputações.
O nível de arrogância de órgãos da mídia como Veja, Globo, Estadão, para ficar só nos maiores, constitui por si uma ameaça permanente de abuso da liberdade de imprensa.
Também não estou certo qual caminho seguir para conciliar liberdade de imprensa e proteção de privacidade. De qualquer modo, considero hipocrisia aqueles que simplesmente se opõem ao conselho profissional sugerido pela Federação Nacional de Jornalistas, sob o argumento de que seria a volta da censura. Como? Estabelecer e implementar um Código de Ética para o exercício profissional é censura? Então o jornalista pode escrever qualquer coisa, inventar fontes, caluniar, tudo sem prestar contas a ninguém? Ah, tem o recurso à Justiça! Mas quantos juízes têm coragem de julgar contra a grande mídia?como a Globo.
Tenho discutido esse tema muito antes que se tornasse o centro de uma forte disputa entre os conservadores que querem continuar como está, e os reformistas que propõem alguma forma de controle de conteúdo dos meios de comunicação. Em geral, o assunto vem à baila, recorrentemente, quando ficamos diante de um fato concreto que chama a atenção do grande público, ou que por algum motivo reclama alguma providência das autoridades. Desta vez, foram os vazamentos da CPI do Banestado, atingindo presidente e diretor do Banco Central, e presidente do Banco do Brasil.
A imprensa prestaria um grande serviço ao Brasil se fizesse uma demonstração inequívoca de quão perversa para o povo é a política monetária dirigida por Henrique Meirelles. Contudo, nossa imprensa parece não ter nem vontade nem competência para fazer isso. Em compensação, ela se notabiliza pela intriga. Os documentos que usou para incriminar Meirelles e os demais dirigentes do BC e do BB são indiscutivelmente ilegais. Estavam protegidos por segredo de Estado. Quem os publicou cometeu um crime, e quem os forneceu foi cúmplice. Dizer que isso é liberdade de imprensa é uma fraude.
A pior coisa que alguém que seja contra a política econômica pode esperar é a demissão de Meirelles do Banco Central por causa de intrigas. Ou há alguma dúvida de que seria substituído por outro que manteria a mesma política? Precisamos tirar, sim, do Governo, não só Meirelles mas toda a equipe econômica, a fim de recuperarmos a autonomia da macroeconomia, e implementarmos uma política de pleno emprego para enfrentar a maior crise social que o País já experimentou. Nisso a grande imprensa não ajuda em nada, porque quer continuar amiga do Ministro da Fazenda, de quem é dependente.
Boa parte da grande imprensa brasileira que não lutou contra a ditadura aproveita-se da democracia para enxovalhar reputações, atacar gratuitamente homens públicos e manipular eleições. Os campeões disso são Veja e O Globo. Apenas para ficar em exemplos recentes, O Globo acusou o vice-presidente José Alencar de furar uma fila de transplante de medula óssea que não existe. E, neste exato momento, tenta por todos os meios, mediante uma manipulação do noticiário como jamais vi, derrotar o senador Marcelo Crivella nas eleições do Rio, em favor de César Maia. Isso é uso correto da liberdade de imprensa? Não, é um abuso anti-democrático da liberdade de imprensa. A sociedade tem todo o direito de auto-defesa contra esses abusos.

Leoni Jorge dos Santos.

Chã Grande News
Editor: Paulo Sérgio Paulino